Em solenidade conduzida pela governadora
Fátima Bezerra, com a presença do ministro Paulo Teixeira, do embaixador
da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e de lideranças de movimentos
sociais, foi instalado na sexta-feira (02), no município de Apodi, o
Centro de Testagem de Máquinas Agrícolas, resultado de uma parceria
entre Governo do Rio Grande do Norte, Consórcio Nordeste, Universidade
Agrícola da China (UAC), Instituto Internacional para Cooperação Popular
(IAPC- BAOBAB) e indústrias chinesas.
Os equipamentos serão utilizados por pequenos produtores agrícolas
durante o período de um ano, beneficiando inicialmente 150 agricultores
familiares do município de Apodi, no Oeste Potiguar. Francisco Edson é
um deles. No solo fértil da comunidade rural Baixa Fechada ele planta
arroz, feijão e milho para consumo familiar e eventual comercialização;
sorgo e capim para alimentar o pequeno rebanho de vacas, ovelhas e
galinhas.
“Quero destacar que este é mais um resultado do trabalho do Consórcio
Nordeste. Essa iniciativa, voltada para a mecanização da agricultura
familiar, começou exatamente na Câmara Técnica da Agricultura Familiar,
que coordenamos no âmbito do Consórcio Nordeste. Ao longo desse período,
realizamos agendas internacionais na China, visitando a Universidade
Agrícola da China, e em parceria com o governo federal, contando com a
participação crucial do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo
Teixeira, e representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia”,
ressaltou a governadora Fátima Bezerra.
No ado, lembra Edson, o corte da terra era por tração animal, um
"boi manso" puxando capinadeira; de uns tempos para cá, alugando
tratores a R$ 180 a hora trabalhada. "Muito caro, chegou a R$ 200, mas
agora a coisa vai melhorar", diz o agricultor.
De acordo com o último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, a
agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios
brasileiros com até 20 mil habitantes. São mais de 10 milhões de pessoas
ocupadas no campo, de onde tiram o sustento. Cerca de 50% dos
estabelecimentos estão no Nordeste. No entanto, menos de 3% têm o a
máquinas.
"Precisamos preencher essa lacuna. E essa parceria é um o
concreto nesse sentido, um processo gerado por muitas conversas,
viagens, negociações, parcerias e que começa hoje, concretamente, aqui
em Apodi", disse a governadora.
Fátima destacou o pioneirismo do Rio Grande do Norte com a
iniciativa, que busca também atrair investimentos de empresas chinesas
para o Nordeste. "Essa parceria é de fundamental importância não só pela
transferência de tecnologia que ela proporcionará, mas por outros
aspectos positivos, como maior produção de alimentos saudáveis, a
ampliação do emprego e a geração de renda. O que estamos celebrando hoje
é apenas o começo de uma parceria entre Brasil e China, através do
Consórcio Nordeste, com foco em fortalecer a mecanização da agricultura
familiar na região Nordeste”, pontuou.
A agricultura familiar é responsável, hoje, por mais de 70% dos
alimentos consumidos no Brasil, sendo que a agricultura familiar do
Nordeste contribui com mais de 50% dessa produção.
Para o embaixador da China no Brasil, a agricultura familiar na China
tem amplo espaço para cooperação com o Brasil. “Nossas cooperações
estão se expandindo, abrangendo comércio, investimento e também se
estendendo para a área social. Além da cooperação econômica, incluímos
ciência, tecnologia, inovação e enfrentamento das mudanças climáticas,
bem como a economia digital. Vamos unir esforços para criar um novo
fenômeno nas cooperações entre China e Brasil, visando beneficiar todas
as regiões e camadas sociais”, disse Zhu Qingqiao.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
(MDA), Paulo Teixeira, as máquinas vêm para industrializar o Nordeste,
aumentar a renda das agricultoras e agricultores familiares, para
modernizar a agricultura e assim desenvolver ainda mais a região:
“Fizemos um convênio com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte
[IFRN] para esse programa de mecanização e de treinamento para os
agricultores e agricultoras. Quero parabenizar o secretário Alexandre
Lima, do Rio Grande do Norte, junto com ele Fátima Bezerra, e também
João Pedro Stédile por terem insistido nesse programa. Estamos aqui com
trinta máquinas para a agricultura familiar, para aumentar o número de
agricultoras e agricultores familiares que tenham máquinas do tamanho da
sua propriedade e da sua necessidade. Nós queremos industrializar o
Nordeste e descentralizar a indústria brasileira”, comemora o ministro.
João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST, que acompanhou as
tratativas com o governo chinês para trazer o maquinário para o Brasil,
disse que “os chineses têm um compromisso conosco de implantar no
Brasil fábricas de equipamentos de interesse da Agricultura Familiar, e
uma delas é em Mossoró”. O vice-governador Walter Alves lembrou que as
obras da transposição no Rio Grande do Norte fundamentais para a
segurança hídrica do Estado e também para a agricultura familiar.
Coordenador da Câmara Técnica da Agricultura Familiar no Consórcio
Nordeste, Alexandre Lima considera a consolidação da parceria com os
chineses um marco histórico para o Rio Grande do Norte e para o
Nordeste. "Proporcionará, acima de tudo, uma ampliação dos níveis de
tecnificação da agricultura familiar, ampliação da produção de alimentos
saudáveis e a inclusão da juventude e das mulheres no processo
produtivo. Este é um compromisso do governo do Estado."
Em setembro do ano ado, a CAU e a UnB - Universidade de Brasília -
am memorando de entendimento para a construção do Centro
Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia em
Mecanização para Agricultura Familiar.