O turismo religioso é um dos grandes focos de promoção do Rio Grande
do Norte. Para além do sol e mar, da gastronomia, do geoturismo, o
Estado possui um imenso potencial na área, tendo como destaque diversos
monumentos e espaços sagrados que buscam revigorar a fé. De acordo com o
Ministério do Turismo, o RN oferece uma variedade de atrações
religiosas, comercializadas por operadoras nacionais e receptivos
locais. Destacam-se em Canguaretama, a Capela de Nossa Senhora das
Candeias; em Natal, a Catedral Metropolitana e Igreja Santo Antônio; em
Santa Cruz, o Santuário de Santa Rita de Cássia. Já em Caicó, a Catedral
de Sant’Ana e em Patu o Santuário de Nossa Senhora dos Impossíveis.
Em São Gonçalo do Amarante, o turista pode visitar o Santuário dos
Mártires de Cunhaú e Uruaçu; em Carnaúba dos Dantas e Florânia, o Monte
do Galo e o Monte de Nossa Senhora das Graças, respectivamente. As
duas áreas são comercializados por receptivos locais, com maior fluxo
regional de turistas. Esses são alguns dos atrativos religiosos que
destacam o potencial do RN para o turismo religioso e contribuem para o
desenvolvimento socioeconômico da região.
Manoel Sidnesio Gomes de Moura, empresário e especialista em turismo
religioso, considera que o Estado tem grande potencial para impulsionar o
turismo religioso e, assim, alavancar a geração de emprego e renda,
porém, para alcançar esse objetivo, é essencial que haja uma colaboração
entre a igreja, o governo e o setor privado, evitando o isolamento.
“O turismo religioso tem uma grande potencialidade na geração de
emprego. Como exemplo, temos o Santuário de Aparecida, onde a cidade
respira turismo religioso, e podemos citar também a cidade de Juazeiro,
que vive do turismo religioso. Aqui mesmo, em Santa Cruz, podemos ver a
transformação que ocorreu devido ao turismo religioso, especialmente,
com a imagem de Santa Rita de Cássia, que trouxe empregos, renda e
investimentos para a cidade, com empresas se instalando para atender aos
visitantes. O impacto econômico do turismo religioso é realmente
significativo”, afirma.
Ele ressalta que o turismo religioso tem um impacto econômico
considerável, e relembra que, em 2017, quando fez a pesquisa do turismo
religioso no Brasil, os Círio de Nazaré, em Belém (Pará), durante as
festividades de Nossa Senhora de Nazaré, atingiu um público em torno de 2
milhões e o impacto econômico foi de 1,5 bilhão. “E olhe que nos Círio
de Nazaré, 85% (dos frequentadores) são do Pará, são devotos (e mesmo
assim) eles conseguirem fazer isso, e o restante do (público) são do
turismo doméstico e internacional”, explicou. Segundo o especialista, o
RN tem uma variedade de atrações e santuários religiosos, que têm
capacidade para atrair devotos, peregrinos e turistas de diferentes
regiões.
“Sim, existe muito público. O turismo religioso é único turismo que
não depende de sazonalidade, você pode fazer turismo religioso de
janeiro a janeiro, ou seja, não dependente de sol, chuva, vento, frio ou
calor. O turismo religioso pode acontecer constantemente. Só precisa
hoje de uma atenção e um maior profissionalismo”, concluiu.
Pesquisa
Ele detalhou que, em 2015, o Ministério do Turismo (MT) realizou uma
pesquisa em parceria com o Ministério do Trabalho, com 344 destinos e 96
atrações do turismo religioso. Na ocasião, o MT divulgou um número de
17,5 milhões de pessoas envolvidas nesse segmento, porém, após um
levantamento mais aprofundado feito por ele e jornalista Amadeu
Castanho, constatou-se que, somente o Santuário Nacional de Nossa
Senhora Aparecida, à época, atingia 12 milhões de pessoas.
“Começamos por Aparecida, (onde contabilizamos) 12 milhões, fomos
para Juazeiro e Canindé, cada um dois milhões e meio. (Percebemos que)
só aí foram 17 milhões, em seguída, fomos para Nova Trento e, naquela
época, atingiu 840 mil, ou seja, à época, com apenas quatro destino, nós
ultraamos R$ 140.000 milhões daquilo que o MT falava”.
Segundo ele, sua preocupação naquele ano, era o Rio Grande do Norte.
Por isso, em 2017, começou uma pesquisa dentro do Estado sobre turismo
religioso, partindo dos principais pontos: Natal, Santa Cruz, Patu,
Canguaretama, São Gonçalo do Amarante, Caicó e Mossoró. “Pegamos
Espírito Santo (como exemplo), porque lá (é um das maiores celebrações
religiosas) e, à época, a festa atingia mais de 60 mil pessoas, (número
maior) do que os habitantes daquela cidade. E nesta pesquisa, chegamos a
conclusão que o RN teve em torno de 1,5 milhão de pessoas atingidas
pelo turismo religioso, com as festas as festividades, em 2017″,
concluiu o empresário Manoel Sidnesio.
São Gonçalo já atrai 100 mil turistas por ano
O turismo religioso vai além de ser uma manifestação de fé. Ele
proporciona experiências espirituais e culturais para os fiéis e
desempenha um papel importante na economia dos municípios, ao movimentar
diversos setores, gerando oportunidades de emprego e renda para a
população.
Inserida nesse contexto, reconhecida como “berço da cultura popular
do RN”, São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, atrai anualmente cerca
de 100 mil pessoas para seus eventos turísticos, como a Festa dos
Santos Mártires em Uruaçu e as Moto-romarias.
De acordo com Jader Torres Junior, secretário de desenvolvimento
econômico e turismo do Município, “o turismo religioso na cidade tem
grande potencial econômico, pois se apresenta como fonte geradora em
várias áreas de empregabilidade, movimentando diversos setores, como o
alimentício, o comércio de artigos religiosos e artesanais nas igrejas e
os eventos religiosos anuais, como a Festa dos Mártires em Uruaçu”.
Os principais locais incluem o Santuário dos Santos Mártires, na
comunidade de Uruaçu; a Igreja Matriz, no Centro, que oferece aos
visitantes um café colonial e loja de artesanato; a Capela de Utinga; o
Casarão do Olho D’água do Lucas; e a Igreja de Santo Antônio. Jader
Torres disse que o município tem investido na infraestrutura da cidade
está construindo um equipamento de mobilidade urbana que ligará a zona
Oeste de Natal ao Monumento dos Mártires.
Tribuna do Norte