O jogador
Marcelinho Paraíba concedeu entrevista ontem, na Ilha do Retiro, em
Recife (PE), e disse que a acusação de estupro é uma armação. Já o seu
advogado, Afonso Vilar, informou que o meia atacante foi vítima do
corporativismo dos policiais.
Marcelinho chegou à Ilha, sede do Sport, com quase 50 minutos de
atraso, e em uma entrevista rápida, enfatizou que era inocente. “As
acusações não são verdadeiras, eu sou inocente. É tudo uma armação, o
delegado foi ao sítio sem ser convidado. Lá por volta das 4h00, ele
saiu, depois de uns 40 minutos voltou, disparou um tiro e me deu voz de
prisão. Só soube do que estava sendo acusado quando cheguei à
delegacia”, disse.
O paraibano também se desculpou. “Quero pedir desculpas às crianças,
aos torcedores do Sport e ao povo brasileiro por esse tipo de situação.
Que isso sirva de lição”, frisou, acrescentando que nunca deixará de vir
a Paraíba. “Eu amo a Paraíba e não deixarei de ir para lá”, declarou.O
advogado do ex-atacante da Seleção Brasileira revelou que mesmo que ele
seja considerado inocente, irá entrar com uma ação contra os acusadores.
Delegado diz que recebe ameaças
O delegado Rodrigo do Rego Pinheiro, irmão da advogada que teria sido
beijada a força pelo jogador Marcelinho Paraíba, disse ontem, que está
sendo ameaçado de morte por pessoas ligadas ao jogador. Ele afirmou
ainda que a irmã está escondida, porque também está sofrendo ameaças de
morte. Sobre o fato de ter ameaçado e agredido jornalistas durante o
depoimento da advogada, ele não se pronunciou. O delegado geral de
Polícia Civil do Estado, Severiano Pedro, designou o delegado Francisco
de Assis Sousa para apurar a denúncia de agressão aos jornalistas, e
também, se ele de fato efetuou o disparo durante a festa na granja de
Marcelinho. Já para apurar a suspeita de estupro por parte do jogador, o
caso ará a ser investigado pelo delegado Graciano Danilo Borba.
“Eu ainda estou muito nervoso, não vou me pronunciar sobre o caso
ainda. Mas estou sendo ameaçado de morte pela ‘turma’ do Marcelinho.
Minha irmã está escondida, porque disseram que iriam matar ela de
qualquer jeito”, disse Rodrigo Pinheiro. As declarações foram feitas
pelo delegado à equipe de reportagem do Jornal Correio, no momento em
que ele saía da Central de Polícia Civil de Campina Grande, ontem pela
manhã. O delegado regional de Polícia Civil de Campina Grande, Wagner
Dorta, enfatizou que ele será investigado, no âmbito criminal e também
no istrativo, podendo ser suspenso, ou até, afastado
definitivamente das funções. “istrativamente, pode ser afastamento e
suspensão. Criminalmente, quem vai dizer é a Corregedoria. As peças
informativas, o ofício, CDs contendo imagens serão entregues à
Corregedoria, bem como a arma do delegado para a apuração”, disse.
Perícia
Wagner Dorta reiterou que Marcelinho foi detido, dentro dos parâmetros
da lei, pelo delegado Fernando Zoccola e disse que a perícia constatou
as lesões na boca e no couro cabeludo da advogada. “É bom deixar bem
claro que são duas situações distintas, uma praticada pelo delegado
Rodrigo, que agrediu a imprensa e fez de forma muita clara, na
televisão, que vai ser apurado istrativamente e criminalmente. O
outro fato é o ato praticado pelo delegado Fernando Zoccola, que autuou o
jogador Marcelinho, dentro da legalidade estrita. Já estão inocentando o
jogador. O delegado partiu de fatos, uma mulher que chegou com os
lábios cortados, com o couro cabeludo ferido, a perícia já constatou que
houve lesão”, falou.Ele reforçou que a Polícia repudia o comportamento
do delegado. “Eu quero reafirmar a conduta da Polícia Civil, de não
corroborar com violência, seja qual for, contra órgãos de imprensa”,
declarou.
Processos por indisciplina
Rodrigo Pinheiro já responde a dois processos por indisciplina e
constrangimento. Em um deles, em curso na Comissão de Disciplina da
Corregedoria de Polícia Civil da Paraíba, mostra que em 2006, quando
prestava serviço na cidade de Princesa Isabel, ele foi processado por
abuso de poder e submissão de pessoa à tortura e constrangimento. A
vítima teria sido Joselha Estevão da Silva, que estava grávida de quatro
meses. Na companhia de outro homem, queria que ela entregasse um cartão
cidadão, do Governo Federal. Para tentar conseguir, eles entraram na
casa dela, reviraram todos os cômodos, jogaram roupas no chão e fazendo
ameaças.
Em seguida a mulher foi algemada e levada para a Delegacia. Um ano
depois, o delegado voltou a ser notificado ao ser flagrado usando
viatura policial, em companhia de algumas adolescentes, e fazendo uso de
bebida alcoólica, em uma vaquejada na cidade de Araçagi. Em seguida,
ele pegou a viatura da Polícia Civil, e foi com as adolescentes para uma
festa em Rio Tinto. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da
Paraíba emitiu nota repudiando a tentativa de cerceamento.